Conversando com uma amiga, revelei um dos meus atuais projetos. A criação de um espaço online de debates: MULHERES EM LUTA. No programa virtual entrevistarei mulheres que, ao longo de suas trajetórias, quebram paradigmas.
Fui questionada sobre o peso da LUTA. Essa palavra, que havia excluído da minha escrita, porém registrada na minha essência, ressuscita.
-Revista a negra. Foi ela que roubou!
-Só matamos negras!
-Essa negrinha deve ser boa de cama!
-Terra de índigena não tem dono!
-Bora exterminar essa indiarada!
-Era uma sapata. Pouca Vergonha!
– Era só um viadinho. Menos um!
-Jõao Pedro? Era só mais um negrinho!
Como não incluir essa palavra ao enxergar essas realidades? Como não ressentir a força dessa luta movendo o meu corpo, acendendo minha alma, comovida com os meus pares?
Lembro de Carolina Maria de Jesus. Poetisa, negra favelada, catadora. Que outra palavra nominaria o labor diário dessa mãe que alimentava suas crias do lixo dos afortunados?
São tantas as Marias, as Carolinas sem lugar no mundo, que em plena pandemia partem de suas casas para servir seus patrões confinados.
-Tua mãe desceu com o cachorro. Para de choro, menino! Vai atrás dela. Desce!
E o filho da mulher, pobre, negra, doméstica… desceu. Não voltou nunca mais!
É de luta sim que quero e devo falar. Sou mulher antes de tudo. Isso me dá a capacidade de me incluir na luta de todos os excluídos.